Friday, December 31, 2010

Feliz Año Nuevo ! George Salvando Ballenas en Antartida !

Brincando com Fogo e Artilharia 29/12/2010

Hoje recebi o treinamento de combate a incêndio, pois estou na equipe que dá suporte à equipe de “ataque” a incêndios, essa formada pelos tripulantes mais experientes. Incêndios em navios não são incomuns e podem acontecer nas mais diversas áreas da embarcação.


Hoje o clima mudou drasticamente e o dia de trabalho terminou mais cedo devido às condições climáticas que dificultam o trabalho no deck. O vento nas laterais do deck é tão forte em alguns momentos que é preciso colocar grande força para poder se mover. Já quando se caminha a favor do vento, a força é para que ele não te leve (ou simplesmente se deixar levar, cuidando apenas para que ele não te derrube. O mar está bastante agitado, talvez mais agitado que no primeiro dia, mas o movimento é mais favoráveis, pois não estamos sendo jogados para os lados. Já no movimento para frente e para trás (ou para cima e para baixo), a força é grande. Acredito que nas extremidades traseira e dianteira a altura deve estar oscilando em cerca de 8 metros. É como se houvesse uma elevação e uma queda de 8 metros a cada 3 segundos. Como a minha cabine fica pr óxima à parte dianteira do navio, meu corpo é erguido do colchão a cada momento. Em pé no deck, os pés perdem o chão com alguma frequência, o que pode se divertido (para pular, basta ficar parado e o chão some debaixo dos pés). Só não é mais divertido porque na maio parte do tempo estamos carregando materiais pesados e nos movimentando contra o vento que vem de frente, a chuva que vem de cima e a água salgada (e gelada a 5 graus Celsius negativos) que vem de baixo. Tudo ao mesmo tempo!

Outra parte do dia foi organizar a artilharia: (CENSORED)


Ontem testamos o canhão d’água e ele funcionou perfeitamente. Por falar em canhão d’água, estou só imaginando como será a condição no deck quando estivermos desempenhando essas tarefas com o agravante de estarmos sendo atingidos com os canhões d’água da frota japonesa, que além de forte vem na temperatura com que é bombeada do oceano, ou seja, cerca de 5 graus Celsius negativos. Com quer que seja a experiência, estamos todos nos preparando para que ela tenha início logo, pois quanto antes encontrarmos e intervimos na frota japonesa, menos baleias serão mortas. A tarefa no deck agora é manter tudo preparado enquanto a Ponte de Comando continua a busca em plena navegação.

Postado por George Guimarães às 13:02 0 comentários Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Google Buzz

Preparativos 28/12/2010
O dia de trabalho começa às 8 da manhã com uma reunião e encerra entre 5 e 7 da tarde. Como o trabalho no deck é trabalho de peão, fazemos vários intervalos para refeições. São cinco refeições no dia e há pães, doces (tudo vegano, é claro) café e chá disponíveis o tempo todo, já que os turno da Ponte de Comando e da Engenharia são de 24 horas. Com o trabalho pesado, estou comendo muito! Comi tanto hoje no almoço e nos intervalos que sequer consegui jantar.

Ontem, sob chuva, frio e vento, instalamos o sistema de defesa nas bordas do navio, impedindo que o navio seja embarcado por tripulantes que não foram convidados a estarem a bordo. O boato é que a frota japonesa teria a guarda costeira japonesa a bordo dos seus navios e uma tentativa de tomada do navio seguida da prisão da tripulação é uma possibilidade.


Já passamos por climas diferentes (sol, névoa, chuva, garoa, frio...) e já participei de tarefas diversas no deck. O lançamento do barco Delta é provavelmente a tarefa mais perigos que realizamos a bordo. Há dois anos, o barco virou durante o lançamento e os quatro tripulantes do Delta foram lançados na água gelada com o navio em movimento, uma situação de alto risco. O lançamento sempre é feito com o navio em movimento e por isso é tão delicada. Cerca de 10 pessoas são necessárias para colocar o barco Delta na água usando um guindaste (o barco pesa 1,5 tonelada), cordas e uma técnica que foi aperfeiçoada ao longo dos anos. O tempo médio para lançamento é de 15 minutos, sendo 10 minutos o tempo recorde. Entre as tantas tarefas que realizadas pelo Delta está a de resgate no caso de alguém cair na água.


Se uma pessoa cai na água na Antártida sem a roupa adequada (chamada Mustang Suit) o tempo estimado de sobrevivência é de dois minutos. Ao menos o barco chega a tempo para resgatar o corpo... Se a pessoa estiver vestindo a Mustang Suit, o tempo de sobrevivência é aumentado, mas até esse momento é apenas a tripulação que está a bordo do barco Delta que veste a roupa. Eu a vesti em raras ocasiões onde o trabalho no deck estava impossibilitado devido ao frio e vento que superavam a capacidade de proteção das roupas de frio que eu usava. Conforme continuamos a descer mais ao Sul, e especialmente no período em que estivermos em confronto com a frota baleeira, passaremos a usar as Mustang Suits durante a maior parte do tempo.

Enquanto eu escrevo esse relatório no início da noite do dia 28 de dezembro (ainda madrugada no início do mesmo dia no Brasil), fomos chamados ao deck para que, por motivo de segurança, só poderei descrever mais adiante. Para dizer a verdade, eu nem saberia como descrevê-lo nesse momento (CENSORED).

Assim que encontrarmos a frota baleeira, a nossa localização será conhecida e poderei comentar sobre os acontecimentos anteriores. Por hora, fica o suspense sobre que a natureza tem nos ofertado durante essa expedição.


Natal 25/12/2010
O primeiro dia de trabalho terminou com um jantar para celebrar a véspera de Natal. Mas antes disso, passei toda a tarde deitado por ter batido a cabeça com força em um ferro na oficina do deck. Por isso, fiquei em repouso, já que não conseguia saber se estava tonto por causa da pancada ou por causa de um resto de náusea. Ganhei um galo na cabeça, mas estou bem. No dia seguinte, tivemos um amigo secreto, onde a maioria das pessoas confeccionou seus próprios presentes usando ferramentas e entulhos, mas muitos pareciam ‘ter se prevenido trazendo presentes de casa. Eu ganhei um livro e um CD. O Paul vestiu um gorro de Papai Noel em versão preto e branca e entregou os presentes conforme os nomes eram chamados (risos).




Certeza 24/12/2010
Resumindo a saga até esse momento: depois de ter tido apenas 36 horas para os preparativos, seguidas de 36 horas cheias de ansiedade entre aeroportos, embarquei diretamente em outras 36 horas, dessa vez cheias de náuseas. Enfim, fui batizado na melhor (ou pior) das situações. Acredito agora estar pronto para a campanha, mas só poderei confirmar isso quando encontrarmos a próxima turbulência. A previsão é que ainda haja alguns bons trechos turbulentos conforme continuamos a descender com a proa voltada ao Pólo Sul!

Uma coisa que considero importante dizer sobre toda essa experiência inicial com a navegação em mares inóspitos é que não há medo. Há apenas desconforto. Com o corpo sentindo os efeitos, há momentos em que vem o pensamento sobre “que raios estou fazendo aqui”, mas em seguida a pergunta é respondida e qualquer dúvida é dissolvida.

Há 7 bilhões de pessoas no mundo e dentre todas elas, apenas 90 pessoas (somando a tripulação de toda a frota da Sea Shepherd: Steve Irwin, Bob Barker e Gojira) estão in loco dispostas a fazer algo efetivo para pôr fim ao assassinato dessas baleias que passam pela Antártida durante o verão, quando são mortas pelos mais fúteis dos motivos: a ganância de quem lhes tira a vida e o paladar de quem consome a sua carne.

Como não poderia deixar de ser, há algo mágico em compartilhar um navio com outras 40 pessoas que escolheram estar a bordo pelo mesmo motivo. Na verdade, em toda a frota, são 88 pessoas vindas de 22 países. As nacionalidades são diversas, mas falamos a mesma língua. Viemos de culturas diferentes, mas estamos todos aqui porque pudemos enxergar o mesmo problema independentemente do nosso filtro cultural. Naturalmente, os tipos são os mais variados, mas há algo em comum entre o comprometimento e a loucura de cada um de nós. Há em cada um daqueles com quem estou compartilhando essa campanha a mesma incontestável certeza sobre a necessidade e a importância de estarmos aqui. Também compartilhamos da mesma ansiedade, que é a de avistar o quanto antes a frota baleeira japonesa despontar no horizonte para colocarmos em prática aquilo para o que nos preparamos.




Batizado de Fogo 24/12/2010
Embarquei no navio momentos antes da partida, com tempo apenas para ser apresentado à minha tarefa e para o jantar, o que foi bastante oportuno, pois a minha alimentação durante a viagem havia se limitado a duas bananas e um pacote de granola. A comida da Laura, cozinheira chefe do Steve Irwin, estava tão deliciosa quanto da última vez que a experimentei em abril desse ano. O Capitão Paul Watson se aproxima da área onde estou jantando na companhia dos outros quatro tripulantes brasileiros (Gunter, Primeiro Oficial; Luis, Segundo Oficial; Roberta, assistente na Ponte de Comando e no Deck e; Bárbara, fotógrafa oficial da campanha) e, referindo-se ao número recorde de brasileiros a bordo, diz: “Fucking Brazilian Mafia está planejando tomar o meu navio, vou instalar escutas por todos os lados para descobrir o que eles estão planejando” (risos). Antes disso, eu já o havia cumprimentado próximo à sua cabine, onde lhe disse que será um prazer servir ao seu lado. Em resposta, ele notou que estávamos prestes a zarpar, como quem diz que por pouco ele não poderia ter esperado mais.

Depois de ter sido notificado sobre o meu posto e termos jantado, partimos rumo à Antártida! A navegação no momento da partida estava tão tranquila que eu praticamente não percebi o momento da partida, uma vez que estava sendo apresentado às tarefas no deck, enrolando as cordas que nos prendiam ao porto, corre para lá, corre para cá... Quando olhei para além da borda do navio, o porto já devia estar a uns 500 metros de distância. Foi somente então que me dei conta que já havíamos partido. Era o início da campanha para mim.

Quem dera a navegação tivesse continuado tão tranquila ao ponto de não ser percebida! Na medida em que o navio ganhava velocidade e deixava as águas calmas do porto, em 20 minutos eu já sentia os efeitos da navegação oceânica. Pedi para deixar o deck, pois não estava conseguindo fazer o trabalhar. Desci um lance de escadas em direção ao quarto, o que me deixou ainda mais nauseado. Volto ao deck para olhar para o horizonte. Melhoro um pouco por um tempo, mas o navio já jogava tanto que eu (e todos outros que lá estavam) precisavam se agarrar a alguma estrutura para poderem se manter no lugar. Tracei mentalmente a rota até o banheiro mais próximo, calculando o tempo que levaria para chegar lá nessas condições, já que o vento estava forte e querer me desfazer do jantar diretamente pelo deck poderia ser desastroso. Deve ter levado uns 10 minutos entre o momento em que tracei a rota e o momento em que a coloquei em prática. Havia 18 anos que eu não vomitava, quando eu peguei uma intoxicação alimentar na Índia em 1992. Desde aquela ocasião, mesmo quando estou ruim do estômago, não consigo vomitar, por mais que eu queira. Nas horas seguintes, vomitei tudo o que não vomitei nos últimos 18 anos. Vomitei o que estava no estômago e também o que não estava. Vomitei o jantar, o chá de gengibre que deveria ser tiro e queda para enjoos, a água, vomitei até mesmo o vazio. O navio balançava muito! Em um dado momento perguntei à minha colega de quarto, uma belga com experiência em navios, se aquela era uma turbulência normal ou extraordinária. Para a minha felicidade, ela disse que era fora do esperado. Foram 36 horas divididas entre a cama e o banheiro, sempre longe da cozinha.



Deveremos pegar mais turbulência dessa dimensão mais ao Sul, sendo que depois em uma latitude mais abaixo o oceano tende a acalmar. Mas nesse trecho navegado nas primeiras 36 horas, havíamos nos deparado com uma turbulência inesperada. Outros tripulantes mais experientes também passavam mal, mas ninguém tanto quanto eu naquele momento. Em uma das visitas ao banheiro, em um momento que não sei dizer se era dia ou noite, início ou fim desse período nauseoso, uma tripulante francesa ocupava o vaso sanitário enquanto eu ocupava a pia (foi uma dessas vezes que eu estava vomitando o vazio, só para não perder o hábito, então a pia era suficiente para a tarefa). A melhor parte disso tudo é que o trabalho de limpeza dos banheiros fica ao cargo dos Deckhand... Com esse detalhe, encerro a sessão nauseante desse relatório, ciente de que apesar de eu estar comentado sobre isso com naturalidade nesse momento, certamente não há naturalidade para a maioria que está lendo esse texto. Eu mesmo provavelmente ficarei nauseado quando ler isso daqui a alguns meses.

Tudo balança e é certo que a estrutura do navio é submetida a torções cada vez que o oceano o joga para os lados. A cada movimento, tudo range. Balançam as roupas que estão penduradas, balançam as pessoas que andam pelos corredores e pelo deck. Na turbulência atual, o navio balança de maneira irregular, não cíclica, o que torna imprevisível para qual lado tenderá a próxima força. Há vezes em que o movimento se estende ao dobro na mesma direção, há vezes em que ele muda subitamente. É difícil o que é melhor: deixar o corpo acompanhar o movimento ou criar resistência a eles. Para se ter uma ideia, nessa situação de turbulência grande, a força necessária para equilibrar o peso ao se manter em pé, jogando-o de uma perna para outra, equivale a cerca de cinco vezes a força necessária no momento da descida em uma onda numa prancha de surf, só que de maneira contínua! É como surfar o Atlântico Sul em uma enorme prancha! Outra comparação inevitável é com uma montanha-russa. É como se a cada cinco segundos viesse uma nova curva ou descida súbita, depois outra, e depois outra, e para essa sensação não é preciso estar em pé, ou seja, é inevitável mesmo estando deitado. Para abrir a porta é preciso calcular o momento em que o navio balançará para o lado que favorece o movimento de abertura. Idem para fechar. Alguns segundos de espera e depois o movimento no momento certo. Para subir ou descer da cama é um pouco mais complicado, pois o espaço entre o colchão e o teto no beliche é da altura da minha coxa (se dobrar a perna, o joelho bate no teto). Daí não apenas é necessário calcular o momento certo de dar o impulso para cima ou para baixo, esperando que esse momento coincida com o movimento para a direita ou para a esquerda, como também é preciso fazer o movimento como se fosse um mergulho, pois não dá para ir realmente para cima, como as pancadas que já levei na cabeça podem testemunhar. Tenho certeza que sem as náuseas ou sem estar correndo para o banheiro poderei fazer isso com uma perna, com os olhos fechados ou com as mãos amarradas. Se tivesse um carro dentro do quarto, conseguiria fazer tudo isso inclusive enquanto dirijo! Mas por hora está naquele ponto onde é tão complicado quanto é divertido.
No único momento em que pisei fora do quarto no qual a intenção não era chegar ao banheiro, (CENSORED). No exato momento em que coloquei o pé para fora, (CENSORED). Subi um lance de escadas que leva à parte traseira do navio. Durante todas as horas em que eu estava sendo jogado para lá e para cá dentro do quarto, eu não havia tido a oportunidade de ver qual era exatamente a força que me jogava. Eu havia saído do quarto em busca de algum alívio, mas o que se mostrava era o pior cenário até aquele momento. (CENSORED) As ondas batiam na altura do deck e, (CENSORED). A primeira constatação foi que alguns dos tanques, que carregam 200 litros de combustível cada, haviam se movimentado com os impactos. Há dezenas desses tanques que armazenam combustível para o helicóptero e para os barcos espalhados pelo deck. Como seria impossível trabalhar no deck naquela circunstância, a equipe do deck decidiu deixá-los como estavam Nesse momento, eu me considerava excluído da equipe, já que novamente tratava de traçar mentalmente a rota até o banheiro mais próximo.



No dia seguinte, fiquei sabendo que as ondas haviam chegado a sete metros de altura, mas a altura delas não foi o que causou o maior efeito, mas sim a direção na qual elas nos atingiam. O navio pode balançar de duas maneiras: “Pitching”, que é quando ele balança para frente e para trás (empinando e embicando num movimento contínuo), ou “Rolling", que é quando ele balança para os lados (acompanhado ainda do movimento anterior, como se desenhasse um círculo). É essa última situação que causa os efeitos mais severos no organismo. Rolling foi justamente o movimento que experimentamos nas primeiras 36 horas de navegação, uma situação nauseante mesmo para os mais experientes.

Passadas 36 horas a bordo, minha colega de quarto veio me acordar para assistir ao nascer do Sol da Ponte de Comando (era o plantão dela e a Ponte de Comando estava tranquila). O Sol nascendo às 4 horas da manhã, o oceano calmo e a vista extasiante de uma região raramente visitada anunciavam o início de uma nova fase nessa jornada. Em seguida, tivemos um dia cheio de surpresas, as quais por motivos de segurança não podem ser relatadas por hora (pois poderiam levar a frota baleeira a deduzir a nossa localização), mas que serão comentadas quando for apropriado. O que posso dizer é que as náuseas terminaram e com isso pude trabalhar o dia todo em tarefas diversas. Os acontecimentos do dia somente fizeram reafirmar a minha certeza sobre a força que essa campanha terá para pôr fim à atividade de caça a baleias na Antártida!
Postado por George Guimarães às 12:25 0 comentários Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Google Buzz
A Bordo 22/12/2010
Após 36 horas de voo, fui diretamente ao porto de Bluff em Invercargill (extremo Sul da Nova Zelândia) onde embarquei no M/Y Steve Irwin e toda a correria dos últimos dias, os preparativos de última hora, o longo voo acompanhado da incerteza sobre a chegada, o que ainda precisava ser organizado e o que deixou de ser organizado antes de poder desconectar do mundo por algumas semanas, toda a ansiedade relacionada a essas tarefas começa a se desfazer. Partimos rumo à Antártida em apenas duas horas após o meu embarque.

Logo fui notificado sobre a minha a tarefa a bordo, que será relacionada à equipe do deck, mais especificamente um Deckhand, que é o cargo mais baixo que alguém pode ter a bordo (risos), algo comparável a “serviços gerais”. A hierarquia a bordo segue essa estrutura: O Capitão está no topo, seguido pelo Primeiro Oficial e o Engenheiro Chefe. Enquanto o último supervisiona a equipe de engenheiros, o primeiro supervisiona todos os demais setores. São eles: Ponte de Comando (Bridge), Cozinha (Galley), e Deck, cada qual com uma hierarquia específica. Na hierarquia do deck, há o Bosun, os Bosun Mate e os Deckhand (ou seja, lá embaixo na cadeia hierárquica).

Para cada um dos setores há algumas habilidades que são necessárias: navegadores, cozinheiros, engenheiros. Aqueles que não têm uma habilidade que seria útil no navio, esses vão trabalhar no deck. Também é a tripulação do deck que se coloca nas situações de maior risco. Além do risco iminente em estar trabalhando na área aberta de um navio manipulando cordas, graxa, combustível, operando o lançamento e retirada de outros barcos no mar agitado e com o navio em pleno movimento, tudo isso a dez dias de navegação do ponto civilizatório mais próximo, há ainda os riscos específicos das atividades inerentes à campanha em si. É a tripulação do deck que é enviada nas missões de enfrentamento nos barcos pequenos, sofrendo retaliações que vão desde o lançamento de objetos pesados até os poderosos canhões que lançam água salgada em uma temperatura abaixo de zero grau Celsius com uma força incrível capaz de arremessar uma pessoa ao chão. Em resumo, enquanto os tripulantes de outros setores se destacam com alguma habilidade especial, os tripulantes do deck se destacam por não terem a cabeça no lugar.

Ainda estou resistindo em querer entender por que me colocaram na equipe do deck. Se alguém tiver alguma dica, ficarei feliz em lê-la. Ah, e por falar em loucos, a vaga que eu ocupo agora foi aberta (CENSORED) apesar do risco (e do histórico) de acidentes nessa missão. Temos duas pessoas com formação de paramédico (que trabalham no deck com as mãos cheias de graxa). Portanto, não há com o que se preocupar...

Eu já estava familiarizado com o trabalho do deck, pois foi parte do que fiz na experiência que tive a bordo do Steve Irwin em abril desse ano. Como eu não tenho treinamento para trabalhar como oficial na Ponte de Comando, não sou engenheiro e não ousaria fazer com que os 41 tripulantes fossem submetidos a degustar uma refeição preparada por mim, eu não esperava outro posto que não o de Deckhand. Acredito que poderia aprender as tarefas de um cargo baixo na Ponte de Comando (há tarefas como a de fazer vigília durante a noite, tomar notas referentes à rota, operar os equipamentos de comunicação, etc), mas a tripulação já conta com pessoas qualificadas para essas tarefas.


As tarefas da tripulação do deck são as tarefas cotidianas do deck, como manutenção das áreas internas e externas do navio (limpeza do deck, dos corredores internos, dos banheiros e de todas as áreas comuns), puxar cordas, enrolar cordas, amarrar cordas, lançar âncora, erguer âncora, carregar, consertar, carpintaria, serralheria, retirada e armazenamento de resíduos, lançamento e pilotagem dos barcos pequenos (que são lançados em momentos específicos da campanha, usados para (CENSORED) contra a frota baleeira e outras intervenções que tencionam sabotar a atividade de caça ou ainda para a transferência de tripulantes entre as embarcações), colocação e retirada das grades que impedem que o navio seja embarcado pela tripulação oponente, supervisão dos tanques de combustível que ficam armazenados ao longo do deck, entre outras tarefas. Tudo isso, vale lembrar, em condições extremas de clima e temperatura, coisa com o que não tenho experiência, mas que não será um impedimento para a realização das tarefas.

Mas a melhor parte do trabalho dos Deckhand é que nós somos a linha de frente no momento do embate com a frota baleeira. Somos nós que operamos o canhão d’água, (CENSORED), que lançamos as cordas para agarrar a hélice das embarcações adversárias, entre outras peças de artilharia usadas na ofensiva. A tripulação do deck tem o trabalho mais duro durante a maior parte do tempo (a manutenção do navio durante a jornada), mas é a tripulação do deck que tem o trabalho mais gratificante, que é o de colocar a frota baleeira para correr ou desabilitá-la por completo para que não possam continuar com a sua atividade assassina.


Postado por George Guimarães às 12:08 0 comentários Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Google Buzz
Chegando 22/12/2010
A frota da Sea Shepherd saiu em direção à Antártida no início do mês e com isso a esperança que restava era ser chamado para segunda etapa da viagem, quando os navios retornam para reabastecer e geralmente há troca de alguns membros da tripulação. No entanto, houve um problema com o helicóptero e o navio teve que retornar para realizar o conserto do equipamento.

No dia 18 de dezembro, sábado, enquanto eu levava o VEDDAS-MÓVEL ao VEGETHUS de onde ele seria levado pelos voluntários para o trabalho na Avenida Paulista, recebi um telefonema de um tripulante do Steve Irwin! O convite trazia uma condição: eu deveria chegar ao Sul da Nova Zelândia na quarta-feira, o que na verdade ainda seria terça-feira no Brasil. Ou seja, eu teria 36 horas para encontrar uma passagem aérea, organizar as 3 empresas e comprar roupas de inverno e outras 36 horas para atravessar o Oceano Pacífico! O voo sairia na segunda-feira na hora do almoço e eu teria, portanto, apenas o domingo para organizar a minha ausência por cerca de 40 dias. Esse cenário não era nada favorável para aceitar o convite, mas a oportunidade era tão única e esperada quanto era delicada. Por isso, aceitei. Consultei os meus filhos sobre o cancelamento dos nossos planos de férias, com o que eles concordaram, demonstrando total apoio à minha participação na campanha e naquela mesma noite, aproveitando a reunião com os voluntários do VEDDAS no evento que acontecia no VEGETHUS, anunciei que partiria em poucas horas para participar da campanha.

24 horas depois, com a passagem aérea e as roupas de frio compradas, me esforçando para me convencer de que tudo estava relativamente organizado para a minha ausência, recebi outro telefonema que dizia que eu deveria estar no porto até as 10 da manhã, o que era impossível, pois o voo só chegaria às 5 da tarde, não havendo qualquer alternativa, já que a rota escolhida já era a mais eficiente possível. Não recebi qualquer garantia de que a partida do navio poderia ser atrasada e eu deveria escolher viajar sob o risco de chegar à Nova Zelândia para descobrir que o navio já havia partido. Como as partidas dos navios frequentemente sofrem adiamentos, decidi arriscar contando que chegaria a tempo.

Durante as próximas poucas horas que restavam até a partida do voo com paradas na Argentina e outras três cidades na Nova Zelândia, não havia qualquer certeza sobre o meu embarque no navio. A partir do momento que eu entrasse no avião, só saberia se o navio havia partido antes da minha chegada uma vez que já estivesse na Nova Zelândia! Foi um voo longo, muito longo. Durante a viagem, eu não me permitia alimentar a alegria de ter sido convocado para assim não aumentar a minha possível decepção ao saber que não havia chegado a tempo.

A alfândega na Nova Zelândia foi tão demorada que eu quase perdi o voo que garantia a minha chegada às 5 da tarde. Saí da alfândega às 11 horas, sem saber se o navio já tinha partido. Consegui rapidamente uma conexão à Internet, mas em dúvida se acessava os e-mails para saber notícias sobre a partida ou se corria para pegar a próxima conexão já que só parecia haver tempo para um ou para outro. Fiz ambos, correndo pelo aeroporto. A notícia era boa, ou quase boa: a partida havia sido adiada até às 4 da tarde. Há uma série de providências que são necessárias para a partida de um navio, entre elas a liberação da alfândega e outras providências com o porto, e por isso a partida não pode ser adiada de forma simples.

Segui até a próxima escala, onde recebi a notícia que a partida havia sido adiada para às 7 da tarde. Das 36 horas de viagem aérea até o destino final, foi apenas nesse último trecho da viagem, que durou 1 hora, que eu tive a certeza que chegaria a tempo.

Tuesday, December 14, 2010

Pensamientos de Shrii Shrii Anandamurti

La propiedad que alguien te confíe deberá ser preservada cuidadosamente y deberás luchar continuamente para regresarla a su verdadero propietario.
(Carya'carya' II,37)

Recuerda que con toda persona tienes una relación de amor, no de temor; aquellos que te aman, ciertamente te darán reconocimiento.
(Carya'carya' II, 34)

Es una cosa más grande poner en práctica una lección que escuchar muchas. En tu vida, deberás poner en práctica toda lección recibida.
(Carya1'carya' II, 34)

Los hipócritas son:
a) Aquellos que consienten la falsedad
b) Aquellos que son ingratos con sus benefactores
c) Aquellos que no mantienen su palabra
d) Aquellos que traicionan
e) Aquellos que difaman a espaldas de uno

Puedes llegar a una tregua temporal con un o una hipócrita, pero no lo o la perdones hasta que su naturaleza sea reformada. El perdón inmediato es una debilidad especial de la mente. Resulta en peor daño a la sociedad.
Aquellos que abrigan distinciones de clase, comunalismo, provincialismo y casteísmo mientras consienten propaganda de universalismo son también hipócritas.
(Carya'carya' II, 15)

Las distinciones basadas en profesión, riqueza y cuna son hechas por el hombre. De ninguna manera debes consentir estas cosas. Solamente intereses mezquinos están tras las distinciones de clase.

Shrii Shrii Anadamurti ( Prabhat Rainjan Sarkar )

Wednesday, December 8, 2010

Dharma by Shrii Anandamurti

You know, when you exchange a thing for a thing, when it is mutual, it is known as business. But when you give but do not take in return, it is termed as service. This is the fundamental difference between service and business. In many newspapers you will notice advertisements stating that a particular company has been rendering service to the people from a such and such a year. This is a wrong statement – it is not service, it is business.


When the entire Cosmos is of God, is His offspring, serving them means serving the Supreme. Wherever you are, as a householder or as a renunciate, you must render service to all created beings with the ideation of the Supreme on all the individual entities. Guarding yourself against egoism you must think in your mind that taking a particular shape the Supreme has given you this chance to serve Him. It is to His credit that in the form of a diseased, a helpless person, or a beggar, He is accepting service and making you grateful. Had He not come in this form, you would not have been blessed with this good fortune.



(“Bhágavata Dharma”)




In meditation there must always be the feeling that you want to serve Him. If this is the feeling, immediately the mind gets concentrated. If in meditation there is the culmination of service, everything will be achieved. Even through the preliminary lessons of meditation (Náma Mantra), a spiritual aspirant can get salvation, but even one practicing higher meditation (Vishesh Yoga) cannot attain it if there is no feeling for service, and meditation is done just for the sake of exhibition of one’s heroism. When internal service is not done properly, the external one also is not done properly; therefore it is said, “Liberation of self and service to humanity.” In “liberation of self” there is internal service; and in “service to humanity” there is external service. Both are needed. By external service the mind is purified and with the purified mind, internal service can be done by everyone.


(“Bhágavata Dharma”)